segunda-feira, 17 de março de 2014

Pra quem quer fugir

Atacama
Relax no Atacama, com pacote especial para as mulheres
Começam a aparecer os pacotes para brasileiros interessados em viajar para fora do país durante os jogos do mundial



Eu ainda tenho esperanças (mesmo que já estejam no finzinho… :(  ) de conseguir ingresso para pelo menos um jogo da Copa do Mundo deste ano. Mas tem muita gente que já se deu por vencido (ou não está nem aí) e quer mais é aproveitar o período de zumzumzum e preços inflacionados aqui no Brasil durante os jogos para fugir para o exterior.
Por isso mesmo, muitos hotéis começaram a anunciar pacotinhos para quem quer viajar para fora do Brasil durante o período dos jogos, nesta vibe #nãoqueroveraCopa :P Um deles é a estação de ski Portillo, no Chile, que começará sua temporada 2014 em pleno mundial de futebol, no dia 21 de junho. Além das semanas temáticas que devem rolar durante a temporada de inverno, eles anunciaram também a instalação de telões espalhados pelo hotel – e como o público de Portillo é majoritariamente brasileiro, garantem que vai rolar festa na discoteca a cada vitória da seleção brazuca (e quem se hospedar ali na semana entre 5 e 12 de julho terá 20% de desconto em reservas feitas até 31 de março).
Portillo durante a Copa: promessa até de festas nas vitórias brasileiras
Portillo durante a Copa: promessa até de festas nas vitórias brasileiras
A rede Tierra Hotels também entra no jogo. Para o período da Copa do Mundo no Brasil, o Tierra Atacama(do qual eu sou fãzona, cêis sabem) criou até um pacote desenhado especialmente para mulheres que queiram fugir dos jogos e desfrutar o silêncio sob o céu estrelado do Atacama com foco em atividades relax e wellness – incluindo espumante na jacuzzi com vista para o vulcão Licancabur (o Tierra Patagonia retoma as atividades  somente pós Copa, reabrindo no dia 1º de setembro)
Prefere navegar? A Qualitours anunciou ofertaças de cruzeiros de luxo pela Europa (Mediterrâneo, Mar Báltico, Alasca e Terra Santa) com companhias como Seabourn e Oceania para quem deseja estar em alto mar no período dos jogos. Há pacotes que incluem tratamentos de SPA, aulas de culinária, gastronomia requintada, excursões em terra etc – vale espiar.

O país mais injustiçado do mundo

Vou confessar: eu morria de medo de visitar o Irã e fiquei tenso desde o momento em que percebi que a minha viagem estava finalmente saindo do plano dos sonhos para virar realidade.
Mas a minha tensão não tinha nenhuma relação com o medo que a maioria das pessoas tem quando pensa na terra dos aiatolás.
Ele não acreditou quando eu disse que a cena que eu via era linda
Depois de namorar o país por quase uma década, de ler tudo que eu consegui sobre ele e de conversar com uma pá de viajantes, eu não tinha o menor receio de ser sequestrado por um grupo fundamentalista, não tinha pesadelos com atentados, não tinha medo de ver minha mulher ser hostilizada nas ruas e não tinha o menor temor dos muçulmanos xiitas.
Meu medo era outro. Era de que o Irã não correspondesse às minhas expectativas.
Após passar todos estes anos lendo frases como “Quem encara vive uma experiência maravilhosa”“Existe a vida antes e depois de conhecer o Ir㔓Os melhores anfitriões do mundo”“O Irã redefine o conceito de hospitalidade”“O Irã fascina e muda a perspectiva do visitante”, entre outras opiniões sempre positivas, eu esperava demais do país. Não encontrar o que eu imaginava seria absurdamente frustrante, talvez até motivo de sessões extras de terapia.
Esse medo começou a sumir logo nos meus primeiros minutos em solo persa.
Curdo aproveitando o seu narguile
Era mais ou menos 0h30 quando o avião onde eu estava aterrissou no aeroporto internacional Imam Khomeini, em Teerã. Apesar de toda a expectativa, naquele momento eu estava mais preocupado com a possibilidade de tudo já estar fechado e eu não conseguir trocar dólares por rial, a moeda iraniana.
Assim que enxerguei uma casa de câmbio aberta, ainda dentro da área de desembarque, corri até ela. Não me interessava conseguir uma taxa favorável, só queria sair do aeroporto com algum dinheiro local na mão. Mas quando cheguei no guichê e pedi para trocar 200 dólares, veio o inimaginável.
Ao invés de se aproveitar da situação e me enfiar um preço péssimo para cada dólar que eu tinha para vender – como é o esperado em qualquer lugar do mundo – o atendente me disse disfarçadamente:
“Não troque aqui. O valor é ruim. Troque na casa de câmbio no andar de cima. É melhor.”
Incrédulo, repeti a recomendação que ele havia feito, para ver se eu havia entendido corretamente: “Não devo trocar aqui, devo trocar em outra casa de câmbio?”
“É o melhor para você”, ele confirmou, sorrindo.
Eu havia levado o meu primeiro tabefe da simpatia, do respeito e da honestidade iraniana com os estrangeiros. Acabei não trocando nenhum dólar no aeroporto. Encontrei o motorista do meu transfer e fui rindo para o hotel.
Senhora simpática da ilha Qeshm, um dos poucos lugares onde se usam essas máscaras no Irã
O futuro do Irã
Homens visitando o túmulo do poeta Sadi, em Shiraz
Em uma matéria publicada em abril de 2005 na falecida revista Ícaro, o jornalista e fotógrafoCaio Vilela escreveu que “desde os tempos de Marco Polo, todos os viajantes ficavam emocionados com a hospitalidade e a simpatia” dos iranianos. Marco Polo viveu quase dois mil anos depois do homem que pode ter sido o grande criador da hospitalidade persa – ou ao menos servido de inspiração para as várias gerações depois dele.
Ciro, o maior de todos os governantes que o Irã já conheceu e o primeiro rei a unir as tribos da região, há 25 séculos, ficou famoso pelo respeito com que tratava os povos que conquistava. O maior registro disso está em um pequeno objeto de barro, o Cilindro de Ciro, onde o monarca diz que conquistou a Babilônia e libertou os seus habitantes, dando a eles o direito de venerarem seus próprios deuses, construírem seus templos e manterem suas culturas.
Hoje, muitos consideram o Cilindro de Ciro como a primeira declaração de direitos humanos da história, tanto que existe uma cópia dele na sede da ONU, em Nova York (o original está no British Museum, em Londres).
Prioryman (CC BY-SA 3.0)
Comandando o maior império que o planeta já havia visto até o momento, a benevolência de Ciro com seus súditos poderia ter sido apenas uma estratégia para manter todo o povão heterogêneo sob o seu comando, mas não era só isso. Já naquela época havia um componente fortíssimo que influencia a hospitalidade iraniana até hoje: a religião.
Primeiro, foi a influência do zoroastrismo. Os governantes persas eram seguidores da religião do profeta Zoroastro, um sujeito que viveu algumas centenas de anos antes deles. Entre todos os ensinamentos do zoroastrismo, está a tolerância com as diferenças, cumprida à risca pelos nobres e pelo povo persa, além da ideia básica de que o ser humano precisa fazer o bem para as pessoas para merecer o paraíso depois da morte.
Depois do zoroastrismo, que perdeu seu lugar com a invasão árabe na Pérsia, veio a influência do islamismo, segundo o qual a hospitalidade é um ponto fundamental para quem deseja seguir o caminho de Deus. O Corão inclusive coloca os viajantes no mesmo patamar de pais e parentes, entre as pessoas que merecem ser tratadas com o bom e o melhor.
Adicione a isso o fato de que o islamismo praticado no Irã é o xiita e que ele foi criado a partir de uma interpretação local do islã, misturando conceitos e ideias que vieram do zoroastrismo, e você tem uma orientação religiosa que é uma verdadeira bomba de atenção e carinho com os visitantes.
Ponte Khaju, em Esfahan
Senhor Amini, que recebe turistas na sua casa, na ilha Qeshm
Vendedor de tapetes no bazar de Teerã
O atendente da casa de câmbio no aeroporto me marcou porque foi o primeiro, mas àquele momento se seguiram 27 dias me sentindo como se estivesse o tempo inteiro caminhando em um bairro onde eu havia passado a infância e conhecia praticamente todos andando nas ruas. Só que o bairro tinha 1 milhão e 600 mil quilômetros quadrados – um pouco mais do que o nosso estado do Amazonas.
Quando fui comprar meu chip de celular iraniano, por exemplo, ganhei o número do telefone do dono da loja, para ligar caso tivesse qualquer problema com o aparelho ou quando acabassem os créditos, porque ele poderia me vender mais barato do que nos quisques da operadora.
Nos momentos em que me perdi nas estradas do Curdistão, motoristas de ônibus e caminhões pararam para ajudar, ainda que não falassem um pingo de inglês.
Em Shiraz, um motorista de táxi me comprou sorvete e fez questão de me levar ao aeroporto por caminhos alternativos, para que eu conhecesse outros lugares da cidade. No final, me cobrou 3 dólares e ainda me convidou para tomar um chá com amigos antes do meu voo partir. Quando voltei para o mesmo aeroporto, desembarcando perto da meia-noite, adivinha quem estava lá apenas para ver se tudo havia corrido bem? Ele mesmo, o taxista.
Abad, o taxista mais querido do Irã
Nos dois aeroportos por onde passei no interior, fui colocado à frente das outras pessoas nas filas de raio-x e ganhei sorrisos e apertos de mão dos militares que faziam a segurança e verificavam passaportes (homens com os mesmos uniformes, barbas cerradas e semblantes sérios daqueles mostrados no filme Argo).
Durante a Ashura, a cerimônia mais importante e fervorosa dos xiitas (considerada um momento de luto, na verdade), não apenas fui recebido com sorrisos dentro das mesquitas, como me levaram para os melhores pontos para fotografar as pessoas e ouvi os microfones agradecendo publicamente “a presença dos estrangeiros” no local. Fui até entrevistado por um canal de TV.
Turma posando durante a Ashura
Ainda durante a Ashura, minha esposa, que não podia ficar na mesma área dos homens, viu mulheres se levantando e insistindo para que ela se sentasse nos seus lugares, os melhores, pelos quais elas haviam chegado cedo para garantir vaga.
Tudo isso sem contar as inúmeras vezes em que eu estava pronto para ser explorado por taxistas e absolutamente não fui; as dezenas de “Hello!” e “Welcome to Iran!” que escutava diariamente nas ruas; as várias vezes em que fui parado por pessoas curiosas que queriam saber se estava tudo bem comigo no Irã; e os sei lá quantos cartões de visitas e números de telefones que ganhei e anotei, de pessoas que insistiam para que eu ligasse para elas caso precisasse de algo, mesmo se estivesse longe das suas cidades.
Vendedor de beterraba cozida, no bazar de Teerã
Senhores posando para uma foto digital, depois de ganharem uma foto instantânea (na mão de um deles)
O rabino Rajad, da sinagoga de Hamedan, onde está o túmulo de Esther. Ele coleciona canetas dos visitantes estrangeiros.
Hossein Fallahi, miniaturista iraniano, com exposições nas maiores e mais modernas cidades do mundo.
Você vê o sorriso? Eu vejo, pelos olhos.
Diferentes etnias, todas iranianas, todas lindas.
Deve ser impossível não receber um convite para se juntar a um piquenique
Simpatia mesmo durante o período de luto da Ashura. (Calma, isso não é sangue: é tinta)
Ele me pediu para fotografá-lo.
Senhora simpática da linda vila de Abyaneh
É óbvio que existem os iranianos que não são assim. É evidente que, num universo de 75 milhões de pessoas, existem zilhões de indiferentes, mal humorados e até grosseiros e estúpidos. Eu não comi de graça diariamente, não passei todos os dias como convidado em casas de estranhos gentis, não fui tratado como um rei o tempo inteiro, vi gente furando fila na minha frente e não vi sorrisos abertos em cada esquina. Não vou nem entrar em detalhes no fato de que os iranianos se transformam em boçais no trânsito.
No entanto, o saldo final, a impressão que eu trouxe comigo é clara: eu nunca havia me sentido tão acolhido e protegido em uma viagem.
Encontrei esse homem casualmente. Ele é o personagem que ilustra a hospitalidade iraniana no Lonely Planet
Lonely Planet já havia me alertado sobre isso, é claro. Logo na primeiras páginas do guia do país, onde ele enumera 16 experiências marcantes por lá, a número 1 é “conhecer as pessoas”.
“As pessoas são simplesmente a melhor experiência do Irã”, diz o textinho explicativo.
As outras 15 experiências são divididas entre cidades, arquitetura, relíquias históricas, comida, encontros com povos locais, o contato extremamente próximo com o islamismo, as paisagens naturais, as compras nos bazares e a sensibilidade dos iranianos.
Todas são realmente maravilhosas e falarei sobre elas ao longo dos posts da viagem. Neste, fico apenas com a gigantesca hospitalidade iraniana, que merece este destaque e muito mais. A hospitalidade que me faz pensar na igualmente gigantesca sacanagem que o mundo inteiro faz com ela, tachando os iranianos de um monte de coisas ruins que eles absolutamente não são e não chegam nem perto de ser.

A última ilha da Carga

Ah, as tribos isoladas! Esses pequenos paraísos para quem gosta de conhecer histórias e hábitos fantásticos!
Veja, por exemplo, o pessoal de Tanna, a ilha onde fica este vulcão aqui embaixo, no arquipélago de Vanuatu, no Pacífico Sul. Eles são os últimos praticantes de um tipo de culto religioso interessantíssimo, batizado pelos antropólogos como Culto à Carga.
sydneydawg2006 (CC BY-NC-ND 2.0)
O nome é estranho, mas é bem fácil de entender de onde ele saiu. A “Carga” não é uma forma diferente de chamar um deus conhecido nem o nome de uma divindade nova. Nada disso. Ela é exatamente o que parece ser: os produtos e equipamentos que navios e aviões cargueiros carregam por aí. A pura e simples bagagem mesmo.
10.mar.2014
Certa vez, um amigo que trabalha com comunicação no mercado de turismo me disse: “Você nunca vai conseguir ganhar dinheiro com o seu blog. Sabe por quê? Porque você gosta muito dele.”
Sauditas em Jerash, Jordânia. Foto: Gabriel Prehn Britto (CC BY-NC-SA 4.0)
É verdade. Eu gosto demais deste espaço. E ainda que todo este amor me ajude por um lado – me fazendo obcecado pela qualidade do conteúdo -, ele me atrapalha por outro, porque me faz impor limites que me impedem de ter o meu trabalho financeiramente remunerado pela forma mais comum em blogs, a publicidade.
3.mar.2014
Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina e apesar de algumas restrições, a comunicação de um turista com o mundo exterior é bem fácil a partir do Irã.
Os principais provedores de e-mail – Gmail, Outlook e Yahoo – funcionam perfeitamente e ainda que o Skype e o Facebook sejam proibidos, o país é repleto de internet cafés com artimanhas tecnológicas que burlam o sistema e permitem que você converse com a família sem problemas. Além disso, se você levar o seu próprio computador (preparado ou não para enganar a censura), ainda pode usar o wi-fi disponível em muitos hoteis e restaurantes.
Já com o seu celular estrangeiro a coisa muda um pouco. Por motivos que não descobri, os chips de muitos países não funcionam em roaming por lá, obrigando o viajante a comprar um número local se quiser usar o seu telefone em terras persas.
17.fev.2014
Ela é o patinho feio de qualquer aventura pelo Irã. Roteiros de agências de turismo costumam dar apenas um par de dias para essa pobre coitada – se tanto. Desconfio que a maioria dos turistas que passam por ela o fazem apenas porque não descobriram que dá para voar direto do exterior para outras cidades iranianas. Enquanto eu pesquisava para a minha viagem, recebi dicas como “não perca seu tempo por lá, não vale a pena”.
Pobre Teerã.
Torre Azadi, símbolo de Teerã
A capital dos iranianos é realmente feia, caótica, barulhenta e poluída, tanto que vive marcando presença em rankings de “piores cidades do mundo para se viver”. Nisso, acho que não há discussão.
Mas também é fato que eu gostei muito da dita cuja. Gostei tanto que fiquei 4 dias inteiros nela e ainda tentei passar mais um, antes de embarcar de volta (mas não consegui, infelizmente).
11.fev.2014
Nem vou falar muito, porque não há muito para ser dito. Apenas veja estas lindas imagens da série An Iranian Journey, do multipremiado fotógrafo iraniano Hossein Fatemi.
A série completa mostra cenas complexas (e muitas também fortes) da realidade de um país impossível de ser compreendido por nós, porém muito, muito, muito longe de ser hostil aos ocidentais.
Aqui no blog, fique apenas com algumas que chocam pelo lado positivo e que mostram o Irã das pessoas que não têm nada a ver com aquelas que a maioria do mundo vê nas manchetes dos jornais.
Senhoras e senhores, com vocês, os iranianos.
3.fev.2014
Uma viagem a um lugar exótico é um poço sem fundo de momentos críticos. São tantos que o meu mantra é: em alguma hora, algo vai dar errado. Não tem como escapar disso.
Entre esse mundaréu de momentos delicados, existe um que tem a maior e mais clara chance de virar pesadelo. E como ele é importantíssimo, também tem potencial para estragar a imagem do destino, talvez até arruinar toda a viagem.
theloushe (CC BY-NC-ND 2.0)
Esse momento é a Chegada No País Diferentão.
27.jan.2014
Antes de começar, já peço perdão. É que no meio da correria da vida, esqueci de publicar aqui uma das mais incríveis pérolas da minha viagem pela Coreia do Norte: o vídeo de quase duas horas de duração que a Ryohaengsa, a agência estatal de turismo do país, faz para cada grupo de turistas e vende no final das suas jornadas.
São 107 minutos de efeitos especiais estilo vídeo de karaokê, musiquinhas estilo churrascaria, cenas de gosto extremamente duvidoso e muitas imagens de tudo que eu vi por lá, desde os monumentos grandiosos até o criadouro de tartarugas.
É uma maravilha, perfeito para entender o que é uma visita à Coreia do Norte e também para ver o país de uma forma raramente mostrada na mídia.
13.jan.2014
Dizem que o Irã é dificílimo de ser compreendido por alguém que não seja um iraniano ou que não viva lá por muito tempo. E eu acredito muito nisso.
Gabriel Prehn Britto (CC BY-NC-SA 2.0)
O correspondente da Folha de São Paulo em Teerã, Samy Adghirni, por exemplo, até já recomendou que seus leitores “desconfiem de quem diz que entende de Irã” e afirmou que ele mesmo “continua engatinhando” na compreensão do país – apesar de trabalhar com isso e já viver na capital iraniana desde 2011.
Ainda que a tarefa de entender os iranianos seja quase impossível, saber um pouco da história do país e do pensamento geral da população ajuda na compreensão mínima de algumas coisas. Principalmente, ajuda a apagar preconceitos.
Foi por tudo isso que resolvi fazer um post sobre estes assuntos antes de seguir adiante nos relatos da minha viagem por lá. Mas veja bem: é um resumo do resumo do resumo do resumo de tudo. É apenas um sopro de história. Mas vai ajudar a clarear algumas coisas para você. Acho.
Pegue um café, preste atenção e me avise se houver alguma bobagem, por favor. Não é difícil se perder em milênios persas.
31.dez.2013
Existe um lugar que eu guardei para apresentar a você justamente nesta época do ano.
Pablo Manriquez (CC BY-ND 2.0)
Esse lugar fica na África e é a ilha mais isolada do seu país, a Guiné Equatorial. Na verdade ele fica mais perto da ilhas de São Tomé e Príncipe e também do Gabão do que da parte continental da sua própria nação.
23.dez.2013
Vou confessar: eu morria de medo de visitar o Irã e fiquei tenso desde o momento em que percebi que a minha viagem estava finalmente saindo do plano dos sonhos para virar realidade.
Mas a minha tensão não tinha nenhuma relação com o medo que a maioria das pessoas tem quando pensa na terra dos aiatolás.
Ele não acreditou quando eu disse que a cena que eu via era linda
Depois de namorar o país por quase uma década, de ler tudo que eu consegui sobre ele e de conversar com uma pá de viajantes, eu não tinha o menor receio de ser sequestrado por um grupo fundamentalista, não tinha pesadelos com atentados, não tinha medo de ver minha mulher ser hostilizada nas ruas e não tinha o menor temor dos muçulmanos xiitas.
Meu medo era outro. Era de que o Irã não correspondesse às minhas expectativas.